27 de fevereiro de 2020

Fantasmas de Sintra assombram antigo matadouro em Leiria


Havia um silêncio pesado que se assemelhava ao ar, que era húmido e bolorento, quase irrespirável. E, no entanto, um dos maiores medos de Michel Simeão era ouvir uma respiração que não fosse a sua. Fechar os olhos não o confortava. Era redundante. Estava trancado na escuridão de um jazigo de um cemitério, numa madrugada na Escócia. 

Michel tinha chegado a Edimburgo no dia anterior. Quando visitou o centro histórico, viu anunciadas imensas atividades turísticas de terror imersivo, cujos temas incluíam assombrações, assassinatos e lendas macabras. Inspirou fundo, sorriu e comprou um bilhete. Aos 25 anos, já se tinha dissipado o medo agonizante que o impedira de ver filmes de terror no passado. Entrou às cegas, sem fazer ideia do que ia acontecer. Sem saber que aquela experiência o ia inspirar a criar o mais bem-sucedido evento de terror imersivo em Portugal, o Projecto Casa Assombrada em Sintra, com sessões esgotadas durante 16 meses consecutivos e com mais de 10 mil participantes. E sem saber que em 2020, alguém lhe ia colocar a chave de um antigo matadouro de Leiria nas mãos, juntamente com total liberdade criativa para produzir o seu novo evento.


Michel nasceu em Reims, no nordeste da França, e veio para Portugal em 1983, com cinco anos. Cedo desenvolveu uma paixão pela escrita. Na escola primária, vibrava quando as aulas eram dedicada às composições. “Tinha a sensação de infinitude, podia imaginar qualquer universo. Quando podia escrever, valia tudo”. Aos 12 anos, já escrevia contos. Aos 16, a primeira peça de teatro. Sentiu que era esse o caminho. “Nunca tive pretensões de escrever obras para serem lidas, sempre quis escrever coisas para serem feitas, para que alguém lhes pudesse dar vida”. 


Simultaneamente, sentia-se atraído por filmes de terror que não tinha coragem de ver. “Quando tentava, acabava por fugir da sala ou tapar a cara”. Estreou-se aos 12 anos, com “O Pesadelo em Elm Street”. No entanto, seria o “Exorcista” a lhe tirar o sono. “Fui criado numa igreja evangélica, cresci a acreditar em possessões, demónios, essas coisas todas enquanto era miúdo”. Após a secundária, estudou música e teatro. Formou um grupo de teatro amador aos 18 anos, chamado Criação. “Pus os meus amigos todos a fazer teatro”. No novo milénio, cria a associação Teatro reflexo.

Uma das suas primeiras peças captou a atenção do pelouro da Cultura da Câmara de Sintra. Foi convidado a desenvolver algo na Casa Museu local, onde lançou a sua primeira atividade imersiva, uma espécie de cluedo, intitulada "Crime na Casa Museu".
Em 2011, surge o primeiro evento imersivo de terror. Michel foi desafiado por um galerista a organizar algo no seu atelier. “Queria diversificar culturalmente o espaço”. Decidiu ir averiguar. Quando chegou lá, constatou que o atelier fazia parte de uma mansão antiga na zona de Alcântara, em Lisboa. E que o galerista tomava conta de todo o edifício. “Que casa é aquela, posso ir ver?”. Sorriu com a reposta afirmativa, subiu as escadas e percorreu cada recanto dos seus dois andares com salões interligados. “Era fantasmagórica, estava doido com aquilo”. Quando reuniram, Michel trocou-lhe os planos. “Quero fazer aqui uma cena, mas não é no teu atelier, é naquela casa. Posso?”. Surpreendido, o galerista anuiu, embora com reticências. “Mas aquilo está tudo velho”. Mais um sorriso, ainda mais largo. “Está perfeito!”.

A "casa assombrada" de Alcântara

“Alguém se suicidou nesta sala. Esse espírito ainda está aqui. E a menina Clarissa sente a presença dele”. Foi essa ideia que possuiu o pensamento de Michel, no preciso momento em que folheou um álbum antigo de família que encontrou na casa. “Era uma cena muito creepy, fotografias muito antigas, em sépia”. A partir daí, começou a criar uma narrativa de coisas sobrenaturais que tinham acontecido na casa. Mas o seu plano era ainda mais arrojado. Criou um blog inteiramente dedicado aos “fenómenos” dessa casa, inscreveu-se em fóruns dedicados ao paranormal e começou a espalhar essas histórias. E só depois lançou o seu evento, inédito no país: Uma visita organizada a uma casa assombrada real. 


“Foi o meu laboratório, punha as pessoas em quartos fechados para sentirem a energia da casa, assombrei a casa com imensas presenças que não se viam, só se sentiam. O meu objetivo era esse, não queria mostrar nada, queria que se sentissem coisas”. No final, havia uma sessão espírita, com um ouija board, onde, subitamente, havia objetos a mover na sala, entre outras “manifestações”. “Era tão cru, com tão pouca produção, que parecia tudo mesmo real”, afirma.

O marketing de guerrilha de Michel funcionou. Os fóruns começaram a arder com discussões sobre a misteriosa casa de Alcântara, cuja súbita fama chegaria até às páginas dos jornais. “Casa assombrada em Alcântara recebe visitas guiadas à noite”, noticiou o semanário SOL. “Esgotamos aquilo tudo! Não estava à espera, mandei a ideia cá para fora e, de repente, aparecia montes de gente, desde aficionados do terror e das experiências esotéricas a meros curiosos”.

No entanto, o evento teve vida curta. Durou apenas um mês e meio. “Certo dia, o dono da casa estava a ler o jornal e reconheceu-a, descobriu o que andávamos lá a fazer e quis que acabássemos com aquilo”. Apesar de ter de abdicar de uma “lista de espera enorme”, Michel viu cumpridos dois importantes desígnios. “Percebi que existia um imenso potencial inexplorado em Portugal para trabalhar esse tipo de eventos de terror”. E criou, logo ali, uma leal e dedicada fan base que, durante anos, lhe iria “entupir a caixa do correio a suplicar por um novo evento”.

Quinta Nova da Assunção, Belas, Sintra

E seriam quatro. Quatro longos anos até Michel encontrar o espaço ideal para materializar a ideia que tinha. Após uma reunião com o município, obteve autorização para rentabilizar um imóvel que estava sem uso: A Quinta Nova da Assunção, um palacete de estilo neoclássico do século XIX, com mais de 25 assoalhadas, na vila de Belas, em Sintra. “Um sítio maravilhoso, criei o Projecto Casa Assombrada de raíz, pensado para aquele sítio. Comecei de imediato a trabalhar nas histórias e na narrativa”. A estrutura da casa adequava-se “perfeitamente” a um conto assombrado. Corredores longos, salões amplos e muitas vezes interligados, ornamentos clássicos e um misterioso sótão recheado de pequenos compartimentos. O “maior desafio” foi a introdução de audioguias, que iam informando o participante do enredo à medida que este explorava a casa. “Nunca tínhamos experimentado, tinha de funcionar como um relógio suíço, com sincronização”.

"Projeto Casa Assombrada" Foto: Rafael Marchante/Reuters


Inaugurou o evento em Junho. “O meu objetivo inicial era fazer o Verão todo; já era muito bom”. Assim que abriram as inscrições, foram inundados com pedidos de reserva. Atingiram o primeiro lugar de vendas nacionais da Ticketline e esgotaram as sessões de um mês inteiro em apenas cinco minutos. “De repente tínhamos quatro mil pessoas em lista de espera”. Os primeiros participantes começaram a partilhar nas redes sociais a sua experiência na mansão de Belas. As partilhas pareciam contagiosas e o evento tornou-se viral. “Passou de boca em boca, foi incrível, não esperava este boom”, confessa Michel. O Projecto Casa Assombrada acabou por ficar em cena de Junho de 2015 a Outubro de 2016, sempre com sessões esgotadas.

Quinta Nova da Assunção, Belas, Sintra

Nos dois anos seguintes, Michel resolve produzir dois novos eventos imersivos dentro da mesma temática, mas com formatos díspares. “Ímpios” e “O Internato”. No primeiro, pretendia “fazer teatro e contar uma história de terror num formato diferente”. O segundo era um espetáculo “essencialmente narrativo”, com cenas de terror a decorrer em cada sala de uma casa. “Cada uma dava um pequeno fragmento. Ligando-os todos, obtínhamos uma história”. 

Apesar de, já preventivamente, o Teatro Reflexo ter assumido que estas produções eram “radicalmente diferentes” da anterior, parte do público parecia exigir a duplicação do evento de Belas e contestou o rumo experimentalista. “Estamos sempre a redescobrir, a tentar perceber que novos caminhos podemos percorrer. Nunca vou duplicar eventos, prefiro fazer coisas diferentes, aprender com elas, retirar o que resultou e adaptar”, afirma Michel. Apesar desses pequenos focos de resistência, ambos os eventos tiveram sessões esgotadas durante seis e cinco meses, respetivamente, totalizando 10,560 participantes.


Em 2019, Michel resolve fazer um ano sabático das produções de terror. “Depois do Ímpios, sentia que tinha de parar”. Integra uma equipa de guionistas e participa no argumento de duas novelas da TVI. No entanto, por mais que se tentasse afastar do terror, ele parecia persegui-lo. Nesse mesmo ano, é contactado por um cliente que tinha participado no evento de Belas. Este tinha uma empresa de organização de eventos, a About Bliss e queria fazer um evento conjunto, num antigo matadouro em Leiria. Os olhos de Michel brilharam. “Fiquei doido, quem é que tem oportunidade de trabalhar num matadouro?”. Para além disso, atraia-lhe a ideia de fazer algo fora da Grande Lisboa. “Gosto da ideia de descentralizar a cultura”.


A primeira visita ao espaço encantou-o. “Havia morcegos por todo o lado e sentia-se a carga pesada associada ao edifício. Para além disso, era enorme, permitia fazer imensas coisas em conforto e segurança”. Explica que este é um dilema com que, muitas vezes, os organizadores destes tipo de eventos se deparam. “Procuras sempre um sítio com aspeto assustador, mas depois queres levar para lá pessoas e tens tetos a cair”. 

À medida que ia explorando os recantos do espaço, a narrativa desenhava-se na sua mente. “Vai retratar uma família disfuncional que vive à margem da sociedade normal, que se rege sob princípios religiosos levados a um extremo e que tem um matadouro como negócio de família”, revela Michel. A experiência começa por ser narrativa e depois “mergulha no terror imersivo”, com o participante a explorar o espaço e a tentar encontrar respostas para tudo o que ficou por esclarecer. “Vamos experimentar muitas coisas inéditas”, assegura Michel. “Este novo evento, que intitulámos ‘O Matadouro’, é a combinação de todas as coisas melhores que já fizemos”. 


Um dos maiores desafios desta produção foi a importação de material de efeitos especiais. “Coisas super impactantes que não se encontram cá”, diz Michel, que contactou um estúdio de cinema de Los Angeles para importar máscaras, prostéticos, entre outros adereços “ultra-realistas”. A palavra importar devia estar entre aspas. Para não arriscar que o material ficasse retido na alfândega e comprometesse a data de estreia do espetáculo, Michel encontrou uma forma “criativa” de contornar esse eventual obstáculo. “Temos um amigo que é hospedeiro de bordo e vai a LA com frequência. Voo a voo, vai trazendo algumas coisas na mala”.

A aposta na intensidade dos desafios será mais alta do que nunca. “Quero pôr isto no nível máximo de realismo que conseguir”, afirma Michel, confessando que “dificilmente” entraria no Matadouro enquanto participante. “Eu crio experiências que eu próprio, se calhar, não faria. Tenho esta dicotomia em mim. Consigo criar experiências boas, que têm corrido bem e valido a pena fazer, porque consigo pôr-me muito bem na pele de quem se vai assustar. Consigo perceber muito bem o que é que resultaria em mim. Sou a minha própria cobaia nesse sentido”.


Perante o nível meticuloso de realismo destas produções, por vezes, verifica-se uma situação paradoxal: Participantes que pagam para viver uma experiência imersiva e depois tentam, a todo o custo, abstrair-se da imersão no decurso do evento. “Há pessoas que quando vêm fazer uma experiência de terror querem provar que não conseguem ser assustadas. Quando vens neste mindset, vais minar a tua própria experiência”, afirma Michel. “Riem-se de tudo, tentam desmistificar, desmontar tudo o que vêem e experienciam”, acrescenta, com um sorriso e um piscar de olhos: “Por vezes isso também é medo, é uma forma de mascarar o próprio medo”.

Essas situações, explica, são “negativas” para o participante e para os próprios atores, “que estão do outro lado, a esforçar-se por manter a seriedade dos seus papéis”.
Deixa um conselho a todos que vão entrar no Matadouro: “Acima de tudo, venham disponíveis. Entrem para acreditar naquilo que vos vão contar, não entrem como quem vê as coisas de fora. Imersivo é estar dentro, não é estar fora”.


A aposta na Região Centro, garante, é para manter. “Se me convidarem amanhã, estou cá outra vez. Se houver um espaço e se este comunicar comigo, eu vou”. Revela-se confiante com a experiência imersiva que está a ser criada mas não arrisca prognósticos em relação à adesão na região. “Se este espaço físico estivesse em Lisboa, tenho a certeza que íamos estar em cena pelo menos dois anos a fazer isto. Em Leiria, não faço ideia, é a primeira vez, vamos descobrir”, afirma, sorridente. Mas os primeiros indícios são positivos. O Matadouro estreia em Abril e esse mês já está esgotado. “E Maio para lá caminha”, refere. “Vendemos quase dois mil bilhetes em duas semanas”.
[Mais informações sobre o evento e a bilheteira, aqui]

No entanto, apesar do espectro das lotações esgotadas que o segue desde que se aventurou no empreendedorismo na área, Michel é cauteloso quando aborda o futuro. “Nunca sabemos como vai ser o dia da manhã quando vivemos de criação. Estamos sob escrutínio constante”. Mas a incerteza não o apoquenta. “É gratificante viver um quotidiano em que fazemos o que gostamos. Ver todas estas criações a materializarem-se vai além dos nossos sonhos mais loucos”.

26 de fevereiro de 2020

Município de Pombal abre procedimento para converter antigos edifícios escolares em unidades de Alojamento Local



O Município de Pombal tem em curso um procedimento de hasta pública para o arrendamento de 14 antigos edifícios escolares do primeiro ciclo que se encontram desativados. Pretende-se através deste procedimento dar a possibilidade de investimento nestes edifícios icónicos através de projetos de Alojamento Local por um período de 25 anos.

O arrendamento destes edifícios - marcos de uma época em que marcaram várias gerações de crianças, proporcionando memórias inesquecíveis - que se encontram distribuídos por seis freguesias do Concelho de Pombal, visa garantir a manutenção e preservação dos mesmos e, simultaneamente, potenciá-los como vértices de desenvolvimento turístico local sustentado.



O valor-base de licitação varia entre os 50€, 75€ e 100€/mensais, consoante as escolas tenham uma, duas ou três salas, tendo o arrendamento a duração de 25 anos.

Podem apresentar-se à hasta pública pessoas singulares ou coletivas, através dos seus legais representantes, nacionais ou estrangeiras, com capacidade jurídica para celebrar contrato de arrendamento.



O prazo de entrega das propostas estende-se até 31 de Março de 2020.
As propostas podem ser entregues pessoalmente, contra recibo, no Fórum Munícipe – Atendimento ao Público do Município de Pombal ou remetidas por correio, sob registo, para a morada da sede do Município, com data de carimbo dos correios até 31 de março de 2020.



Para mais informação, os interessados podem aceder ao Portal do Município de Pombal ou contatar a Unidade de Turismo através do número 236 210 500.

5.ª Edição do Prémio José Manuel Alves e Concurso de Teses Académicas 2019 | inscrições até 15 de março

















A Entidade Regional de Turismo Centro de Portugal continua a apostar na deteção e apoio às melhores ideias de negócio turístico gerados na região e na valorização do conhecimento científico produzido sobre a atividade turística no último ano, voltando a lançar dois concursos destinados a promover o empreendedorismo turístico no Centro de Portugal e a promover a difusão de informação junto das empresas e entidades gestoras dos destinos.

Prémio José Manuel Alves | Concurso de Empreendedorismo Turístico | 5.ª Edição


Este concurso destina-se à deteção e apoio a projetos inovadores no setor do Turismo com implementação na região Centro de Portugal, através do qual se pretende consagrar a melhor ideia de negócio no setor.

Ao vencedor do Concurso de Empreendedorismo Turístico será atribuído o Prémio José Manuel Alves, em homenagem ao percurso do ex-presidente da Região de Turismo do Centro, que esteve na génese da criação do gabinete de apoio ao investimento turístico, na região Centro de Portugal.

Consulte o regulamento neste link:

https://investenocentro.blogspot.com/2020/02/regulamento-da-5-edicao-do-premio-jose.html

Apresente a sua candidatura até 15 de março de 2020 no formulário disponível em:   

https://forms.gle/UmLsDBNu4Mjg7tys5



Concurso de Teses Académicas 2019 | 4.ª edição

Com o objetivo de valorizar o conhecimento gerado no seio da comunidade científica sobre a atividade turística e de o aproximar das empresas do setor do Turismo e de todos os interessados em desenvolver projetos de empreendedorismo turístico, a Entidade Regional do Turismo do Centro de Portugal promove a realização da quarta edição de um concurso de teses de mestrado e de doutoramento.

Consulte o regulamento neste link:

https://investenocentro.blogspot.com/2020/02/regulamento-da-4-edicao-do-concurso-de.html

Apresente a sua candidatura até 15 de março de 2020 no formulário disponível em:

https://forms.gle/5G5wdn2qE1taBxde9

Regulamento da 4.ª edição do Concurso de Teses Académicas TCP

















PREÂMBULO Com o objetivo de valorizar o conhecimento gerado no seio da comunidade científica sobre a atividade turística e de o aproximar das empresas do setor do Turismo e de todos os interessados em desenvolver projetos de empreendedorismo turístico, a Entidade Regional do Turismo do Centro de Portugal promove a realização da quarta edição de um concurso de teses de mestrado e de doutoramento.

Artigo 1º | Elegibilidade

Podem concorrer ao presente concurso, na categoria mestrado, todas as dissertações, relatórios de estágio e projetos com vista à obtenção do grau de mestre já avaliadas e, na categoria doutoramento, dissertações de doutoramento já defendidas e avaliadas, cujo tema incida sobre o setor do turismo, preferencialmente na região Centro, entre 1 de janeiro de 2019 e 31 de dezembro de 2019.


Artigo 2º | Elegibilidade dos promotores

Não podem candidatar-se promotores pertencentes ao quadro de pessoal do Turismo do Centro de Portugal.



Artigo 3º | Condições de participação e apresentação de candidaturas

1. Para formalizar a candidatura, os interessados devem preencher o formulário do concurso que pode ser encontrado no link https://forms.gle/5G5wdn2qE1taBxde9, para além de enviar um mail com o nome completo do(a) candidato(a), contacto telefónico e o título da tese/relatório/projeto (mestrado ou doutoramento), para goncalo.gomes@turismodocentro.pt, no qual se devem anexar os seguintes documentos:

a. resumo (em formato pdf) de 5 a 8 páginas que inclua a problematização do tema contemplado, as principais conclusões e a metodologia utilizada;

b. cópia da dissertação, relatório ou projeto (em formato pdf) ou link para o respetivo download.

2. As submissões devem ser efectuadas até às 23.59 do dia 31 de março de 2020 [alterado a 16 de março de 2020].

3. Qualquer candidatura submetida numa data posterior ao prazo estipulado no ponto anterior não será considerada.


Artigo 4º | Processo de Avaliação

1. Se o número de candidaturas em qualquer uma das categorias a concurso for superior a 5, estas serão objeto de uma análise prévia e seleção por parte de um Júri Preliminar.

2. O Júri Preliminar será composto por um painel designado pela Entidade Regional de Turismo do Centro de Portugal.

3. O Júri Preliminar, se se verificarem as condições previstas no ponto 1, selecionará um máximo de cinco candidaturas, de cada uma das categorias, que serão designadas como finalistas.

4. A decisão do Júri Preliminar será tomada até ao dia 30 de abril de 2020 [alterado a 8 de abril de 2020], sendo imediatamente comunicada a todos os candidatos.

5. O Júri Final será composto por elementos ligados ao ensino superior e/ou com experiência em projetos na área do turismo, desenvolvimento empresarial, inovação ou empreendedorismo, designados pela Entidade Regional de Turismo do Centro de Portugal.

6. Cada membro do Júri Final avaliará as teses de acordo com os seguintes critérios e pontuação:

Critério A – Impacto da tese nas empresas turísticas da região Centro de Portugal e/ou nas entidades públicas com competências no setor (0 a 5 pontos)

Critério B – Qualidade científica (0 a 5 pontos)

Critério C – Originalidade dos trabalhos (0 a 5 pontos)

Critério D – Incidência na região Centro (0 a 5 pontos)

7. A pontuação final de cada candidatura será definida pela média da pontuação atribuída por cada um dos membros do Júri Final.

8. O vencedor de cada categoria será a candidatura com a média ponderada mais elevada.

9. Em caso de igualdade entre candidaturas prevalecerá a candidatura com maior pontuação no Critério A. No caso de a igualdade persistir após aplicação do primeiro fator de desempate, prevalecerá a candidatura com maior pontuação no Critério B. No caso de a igualdade persistir após aplicação do segundo fator de desempate, prevalecerá a candidatura com maior pontuação no Critério D.

10. A decisão do Júri Final será anunciada até ao dia 31 de maio de 2020 [alterado a 8 de abril de 2020] nas seguintes páginas:

www.investenocentro.blogspot.pt

https://www.facebook.com/apoioinvestimentoturistico


Artigo 5º. | Prémios

1. Ao vencedor da categoria doutoramento será atribuído um prémio de 1.000,00 euros (mil euros) líquidos.

2. Ao vencedor da categoria mestrado será atribuído um prémio de 500,00 euros (quinhentos euros) líquidos.

3. O Júri poderá não atribuir os Prémios ou, eventualmente, decidir a sua partilha por várias teses concorrentes, caso em que o valor pecuniário será dividido pelo número de teses vencedoras.


Artigo 6º. | Disposições finais

1. As decisões do Júri Preliminar e do Júri Final são soberanas e não existe possibilidade de recurso.

2. A Organização poderá alterar o presente regulamento, bem como a composição quer do Júri Preliminar, quer do Júri Final, após definição e comunicação do mesmo, devendo publicitar convenientemente tais alterações, através dos seus meios de comunicação.

3. No caso de existir alguma ligação entre qualquer membro do Júri Intermédio ou Final e o/a autor(a) de alguma tese a concurso, seja uma ligação familiar direta, participação na elaboração das teses ou ligação profissional direta, passada ou presente, o membro do Júri não avaliará essa tese.

4. Informações adicionais ou pedido de esclarecimentos podem ser efetuados para goncalo.gomes@turismodocentro.pt

Regulamento da 5.ª edição do Prémio José Manuel Alves


















PREÂMBULO

No âmbito das suas competências de dinamização e potenciação dos valores e recursos turísticos regionais e sub-regionais e de promoção do empreendedorismo, a Entidade Regional de Turismo do Centro de Portugal promove a realização da 5.ª edição do Concurso de Empreendedorismo Turístico, destinado à deteção e apoio a projetos inovadores no setor do Turismo com implementação na região Centro de Portugal, através do qual se pretende consagrar a melhor nova ideia de negócio no setor.

Ao vencedor do Concurso será atribuído o Prémio José Manuel Alves, em homenagem ao percurso do ex-presidente da Região de Turismo do Centro, que esteve na génese da criação do gabinete de apoio ao investimento turístico, na região Centro de Portugal, e definiu os valores e princípios pelos quais se norteia o serviço público de apoio ao investimento da entidade, para além dos múltiplos contributos que legou ao desenvolvimento turístico da região Centro de Portugal durante os quatro mandatos em que fez parte da direção da entidade.


Artigo 1º. | Elegibilidade dos projetos

1. Podem candidatar-se projetos em qualquer fase de desenvolvimento, desde que ainda não tenham iniciado a atividade turística (licenciamento, vendas ou disponibilização de serviços no mercado relativas à atividade candidatada, incluindo a mera publicitação dos mesmos com indicação de preço).

2. Podem candidatar-se projetos apresentados em edições anteriores do Concurso de Empreendedorismo Turístico da Turismo Centro de Portugal, desde que cumpram o disposto no número anterior, e que não tenham sido vencedoras de prémios monetários.

3. Os projetos podem enquadrar-se nas seguintes atividades:

a) Alojamento Turístico (incluindo empreendimentos turísticos e alojamento local);

b) Agências de viagens e turismo/operadores turísticos;

c) Estabelecimentos de restauração e de bebidas;

d) Aluguer de veículos automóveis sem condutor (rent-a-car);

e) Atividades de animação turística;

f) Projetos de base tecnológica associados ao setor do Turismo;

g) Outras tipologias de projeto, desde que comprovadamente relacionadas com a atividade turística.


Artigo 2º | Elegibilidade dos promotores

1. Podem concorrer pessoas singulares, individualmente ou em grupo/equipa, empresas sob qualquer forma jurídica ou entidades privadas sem fins lucrativos, com o objetivo de explorar uma ideia empreendedora e inovadora a implementar na região Centro de Portugal.

2. Não poderão candidatar-se ao presente concurso as pessoas pertencentes ao quadro de pessoal do Turismo do Centro de Portugal.


Artigo 3º. | Condições de participação e apresentação de candidaturas
1. As candidaturas devem ser formalizadas através do preenchimento e submissão do formulário disponível neste link:

https://forms.gle/UmLsDBNu4Mjg7tys5

2. Para além da submissão do formulário, cada candidato poderá apresentar documentação complementar, até ao limite de 10 páginas (em word ou pdf, por exemplo) e de um vídeo, através de e-mail remetido para o endereço eletrónico goncalo.gomes@turismodocentro.pt, indicando claramente a que candidatura a documentação se refere.

3. Cada candidato (individual ou enquadrado numa candidatura coletiva) só poderá apresentar uma candidatura.

4. As candidaturas (formulário e documentação complementar) deverão ser submetidas até às 23:59 do dia 31 de março de 2020 [alterado a 16 de março de 2020].

5. Qualquer candidatura submetida numa data posterior ao prazo estipulado no ponto anterior não será considerada.


Artigo 4º. | Processo de Avaliação

1. Se o número de candidaturas a concurso for superior a 8, estas serão objeto de uma análise prévia e seleção por parte de um Júri Preliminar.

2. O Júri Preliminar será composto por um painel designado pela Entidade Regional de Turismo do Centro de Portugal.

3. O Júri Preliminar, se se verificarem as condições previstas no ponto 1, selecionará um máximo de 8 candidaturas que serão designadas como finalistas.

4. A decisão do Júri Preliminar será tomada até ao dia 30 de abril de 2020 [alterado a 8 de abril de 2020], sendo imediatamente comunicada a todos os candidatos.

5. O Júri Final será composto por elementos com comprovada experiência em projetos na área do desenvolvimento empresarial, inovação ou empreendedorismo designados pela Entidade Regional de Turismo do Centro de Portugal.

6. Cada membro do Júri Final avaliará os projetos de acordo com os seguintes critérios e pontuação:

Critério A – Viabilidade económico-financeira (0 a 4 pontos)

Critério B – Grau de inovação do projeto (0 a 4 pontos)

Critério C – Potencial de penetração no mercado e de internacionalização (0 a 4 pontos)

Critério D – Contributo do projeto para o desenvolvimento do setor na região Centro de Portugal (0 a 4 pontos)

Critério E – Experiência e competências demonstradas pelo(s) promotor(es) (0 a 2 pontos)

Critério F – Contributo para a sustentabilidade económica, ambiental e/ou social das comunidades locais (0 a 2 pontos)

7. A pontuação final de cada candidatura será definida pela média da pontuação atribuída por cada um dos membros do Júri Final.

8. O vencedor de cada categoria será a candidatura com a média ponderada mais elevada.

9. Em caso de igualdade entre candidaturas prevalecerá a candidatura com maior pontuação no Critério F. No caso de a igualdade persistir após aplicação do primeiro fator de desempate, prevalecerá a candidatura com maior pontuação no Critério A. No caso de a igualdade persistir após aplicação do segundo fator de desempate, prevalecerá a candidatura com maior pontuação no Critério B.

10. A decisão do Júri Final será anunciada até ao dia 31 de maio de 2020 [alterado a 8 de abril de 2020] nas seguintes páginas:

www.investenocentro.blogspot.pt

https://www.facebook.com/apoioinvestimentoturistico


Artigo 5º. | Prémios

1. À candidatura vencedora do Prémio José Manuel Alves será atribuído um prémio de 2.500,00 euros (dois mil e quinhentos euros) líquidos; ao segundo classificado será atribuído um prémio de 1.000,00 euros (mil euros) líquidos; ao terceiro classificado será atribuído um prémio de 500,00 euros (quinhentos euros) líquidos.


Artigo 6º. | Disposições finais

1. A Organização do concurso garante a confidencialidade dos projetos durante o respetivo processo de avaliação, sendo as informações utilizadas somente para os fins definidos neste Regulamento.

2. As decisões do Júri Preliminar e do Júri Final são soberanas e não existe possibilidade de recurso.

3. A Organização poderá alterar o presente regulamento, bem como a composição quer do Júri Preliminar, quer do Júri Final, após definição e comunicação do mesmo, devendo publicitar convenientemente tais alterações, através dos seus meios de comunicação.

4. No caso de existir alguma ligação entre qualquer membro do Júri Intermédio ou Final e o/a promotor(a) de algum projeto a concurso, seja uma ligação familiar direta ou ligação profissional direta, passada ou presente, o membro do Júri não avaliará esse projeto.

5. Informações adicionais ou pedido de esclarecimentos podem ser efetuados para goncalo.gomes@turismodocentro.pt


19 de fevereiro de 2020

Sessões de divulgação | Novos Concursos para Empresas dos Territórios de Baixa Densidade



A Autoridade de Gestão do Centro 2020, no âmbito da promoção da coesão territorial e da promoção da valorização do interior, lançou um conjunto de Avisos de Concurso para promover a atração de novos investimentos empresariais e a criação de emprego nos territórios do interior, bem como a inovação empresarial através da realização de atividades de investigação industrial e de desenvolvimento experimental, no contexto de projetos em copromoção entre empresas do interior e entidades do Sistema de I&I.

Neste contexto, vão realizar-se, nos próximos dias 27 e 28 de fevereiro, quatro sessões de divulgação dos novos Avisos de Concurso para as Empresas dos Territórios de Baixa Densidade (Inovação Produtiva e I&D Empresarial em Copromoção).
  • 27 fevereiro |10h00-12h30 | Viseu | Auditório da AIRV - Associação Empresarial da Região de Viseu
  • 27 fevereiro |15h00-17h30 |Guarda |Auditório do NERGA - Núcleo Empresarial da Região da Guarda 
  • 28 fevereiro |10h00 -12h | Castelo Branco | Auditório da AEBB-Associação Empresarial da Beira Baixa 
  • 28 fevereiro |15h00 -17h30 | Tomar | Auditório da Biblioteca Municipal de Tomar 

Faça a sua inscrição Aqui


18 de fevereiro de 2020

04 março | Abrantes | Sessão de Esclarecimento "Requisitos legais da atividade-rotulagem"

A Associação para o Desenvolvimento Integrado do Ribatejo Interior (TAGUS), promove em parceria com a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), no dia 4 de março, com início às 11h00 no edifício do antigo GAT, uma Sessão de Esclarecimento sobre a atividade de Produtores e Artesãos-Requisitos legais da atividade-rotulagem. 

Esta iniciativa é gratuita e dirige-se aos pequenos produtores agroalimentares e artesãos. A sessão, com duração de cerca de hora e meia a duas horas, irá abordar questões, como a rotulagem dos géneros alimentícios de produção artesanal, licenciamento das instalações de produção, letreiros e dísticos a afixar em função da modalidade de venda praticada, entre outros. Para participar nesta formação, deve ter intenção ou já ter atividade aberta na área dos produtos agroalimentares ou do artesanato num dos concelhos de intervenção da TAGUS, Abrantes, Constância ou Sardoal. 

A participação é gratuita, mas com inscrição obrigatória. 

Para efectuar a inscrição e obter mais informações, consulte o website www.tagus-ri.pt.


17 de fevereiro de 2020

19 fevereiro | Guarda | Workshop: Incentivos Fiscais e Financeiros


A Associação Empresarial da Região da Guarda (NERGA) promove em parceria com a consultora PWC, um workshop sobre Incentivos Fiscais e Financeiros, que irá decorrer na próxima quarta-feira, dia 19 de fevereiro, com início às 14h30, nas instalações do NERGA na cidade Guarda.

Programa:
14h35 - Incentivos fiscais
Benefícios ao investimento: RFAI, DLRR, SIFIDE, Benefícios fiscais contratuais
Benefícios à contratação: CLE, Dispensa Total ou Parcial de Contribuições para a Segurança Social
Benefícios à capitalização: RCCS, Programa Semente, Incentivo à Recapitalização das Empresas
Benefícios relacionados com a territorialidade: Instalação de Empresas em Territórios do Interior 

16h15 - Coffee-break

16h30 - Incentivos financeiros
Sistema de incentivos: I&D Tecnológico, Inovação Empresarial e Empreendedorismo, Qualificação e Internacionalização das PME

17h15 - Q&A

17h30 - Encerramento

A inscrição é gratuita mas obrigatória. Faça Aqui a sua inscrição.


13 de fevereiro de 2020

Novo programa de capacitação empresarial | In-House Training


In-house Training é o novo programa de capacitação organizado pelo Turismo de Portugal. A ser executado em contexto organizacional, destina-se a empresários, gestores e empreendedores do setor do turismo com poder de decisão nas suas organizações, que pretendam reforçar competências e obter experiências de aprendizagem flexíveis, práticas e customizadas. 

A 1ª edição, com o tema “Desenvolver Estratégias de Negócio Competitivas”, tem lançamento previsto para 2 de março de 2020, com participação limitada a 15 empresas que podem propor até dois participantes. 



11 de fevereiro de 2020

27 fevereiro | Techstars Startup Weekend Lisbon 2020: Bootcamp in Coimbra


O NEST - Centro de Inovação em Turismo Portugal e o Techstars Startup Weekend Lisbon Tourism vão dar um workshop noturno para explicar tudo sobre a indústria do turismo.

O Instituto Pedro Nunes (IPN) vai acolher o Bootcamp da Techstars Startup Weekend Lisbon 2020, no dia 27 de fevereiro, a partir das 18h30, no bar da Incubadora (edifício C).

Programa:

18h30 - 19h00: Check In

19h00 - 19h30: Tourism Challenges by NEST - apresentação do estado de arte do sector e dos principais objetivos que o sector do Turismo enfrenta por parte do Diretor do Centro de Inovação Turística, Roberto Antunes.

19h30 - 20h00: How to Start a Startup by Startup Weekend Organizers - explicação do evento e das metodologias aplicadas

20h00 - 20h30: Q&A & e Networking

O evento é gratuito mas sujeito a inscrição aqui


6 de fevereiro de 2020

Uma manhã (e duas vidas) em busca dos veados da Serra da Lousã


São oito horas da manhã quando começamos a subir a Serra da Lousã. Com um ou outro solavanco, o jipe vai superando os obstáculos de um estradão acidentado de terra, inacessível às viaturas comuns. Ao volante está Alfredo Mateus, criador da Veado Verde – Green Deer, empresa de animação turística que organiza passeios na natureza para observar veados e outras espécies selvagens no seu habitat natural. Há mais de 20 anos que explora a serra e observa a sua fauna. A experiência acumulada permite-lhe dar uma garantia aos clientes. “Vamos ver veados de certeza”.

Tenho a frase apontada e sublinhada no caderno. Não por incredulidade, mas porque me causa algum espanto. Até há um par de anos nem sequer sabia que havia veados na Serra da Lousã. São seres selvagens e a serra é enorme, prolonga-se por 4200 hectares e tem uma altitude máxima de 1202 metros. Não será demasiado arriscado fazer esta promessa? Alfredo sorri com a questão. Está habituado a ela. E habituado à resposta, raramente verbalizada, quase sempre visual. Após alguns instantes em silêncio, trava o jipe com cuidado e faz um aceno com a cabeça. Numa pequena clareira rodeada por árvores, dois veados deambulam tranquilamente em redor de um arbusto. Estamos há 10 minutos na serra e a promessa já está paga.


“Tenho de mudar de vida”. Há anos que o pensamento se repetia na mente do informático conimbricense. Sentia-se cada vez mais sufocado pelo stress e pelas horas trancado no escritório, na companhia de bytes e Kilobytes. Nessas alturas, rumava ao seu refúgio do costume, a Serra da Lousã. Após algumas horas de caminhada, passeio de mota ou jipe nessa imensa mancha verde, sentia-se sempre revigorado. O sentimento era partilhado pela mulher, Claudina Mateus, que geria o seu próprio centro de explicações. Com os anos, o pensamento foi-se transformando. De intenção, passou a promessa, cumprida em 2018. Despediu-se, decidiu que a serra seria o seu novo gabinete e inscreveu-se no programa de aceleração Tourism Creative Factory, realizado na Escola de Hotelaria e Turismo de Coimbra. “Foi aí que conseguimos definir e estruturar toda a nossa atividade”. Nessa Primavera, convidou um casal amigo para testar o conceito. A alegria com que viveram a experiência motivou-o. Afinou detalhes e no Verão recebia os primeiros clientes: Um casal búlgaro. “Foi relaxante, pedagógico e muito agradável”, escreveram no Tripadvisor. A primeira de muitas críticas (exclusivamente) positivas.


“Olha ali, olha ali, mais três!”, exclama Claudina, entusiasmada, à medida que três veados saem da densa vegetação e se juntam aos outros. Alfredo sorri. “Já antecipava que havia grande probabilidade de os encontrar neste local”. Aproximamos-nos, passo a passo, até que, num curioso movimento uníssono, os cinco animais erguem os focinhos na nossa direção. “Nunca sabemos quem observa quem, se nós a eles ou eles a nós”. O escrutínio dura alguns segundos até que, no preciso instante em que trocava as objetivas da máquina fotográfica, os veados decidem voltar a mergulhar nas profundezas da serra. “Vamos ver mais”, assegura Alfredo, com uma palmada no meu ombro.


Prosseguimos viagem. Após uma longa subida, deparamos com uma árvore caída no trilho, vítima da tempestade Glória. À medida que o jipe contorna o obstáculo e entra no mato, um corço passa a correr mesmo à nossa frente. “Um duende da floresta”, diz Alfredo. “Esse é um dos nomes que as gentes da serra lhes dão”. A presença dos corços e veados nestas paragens remonta há séculos e está bem presente nas histórias que passam de geração em geração nas povoações da montanha. É uma espécie autóctone da região, que esteve extinta durante 200 anos. Em 1995 foi reintroduzida pelo Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro. Até 2004 reintroduziram 120 animais. “Hoje, há mais de três mil", afirma Alfredo, salientando tratar-se do “caso de maior sucesso de reintrodução de uma espécie na Europa".


“O corço é uma presença quase mística na serra”, refere Alfredo, referindo-se à alcunha. “É menos corpulento do que os veados, é mais esquivo, mais difícil de ver, esconde-se muito na floresta”. Explica também que estes animais têm uma forma peculiar de correr, “aos saltinhos”, e que muitas pessoas também lhes chamam “as cabras do monte”.


O relógio marca 8:44 e o altímetro 900 metros. “Estamos num dos pontos mais emblemáticos da serra”, afirma Alfredo, antes de desligar a ignição. Saímos do jipe e deparamos com uma ampla colina, com um rústico posto de observação de incêndios construído em madeira. Avistam-se duas aldeias de xisto alojadas nas encostas das montanhas, tal como o ponto mais alto da serra, Trevim, onde se situa o célebre (e amplamente fotografado) baloiço panorâmico. “Em dias limpos, conseguimos ver o mar daqui”.


O vento frio funde-se no sol quente da manhã e produz uma sensação aprazível. “Imagine se estivéssemos entre o fim do Verão e o princípio do Outono”, afirma Alfredo. “Nessa altura, isto é mágico!”. Não se refere à temperatura nem aos tons outonais. É nessa altura que ocorre a brama, o período reprodutivo dos veados, onde os machos escolhem locais descampados e tentam captar a atenção das fêmeas com vigorosos bramidos. “Eles elegem este sítio porque é um ponto elevado, onde o som se propaga com facilidade”. Nitidamente entusiasmado, Alfredo prossegue: “Imagine-se aqui ao amanhecer, com o sol a romper um manto de nuvens aos nossos pés, os tons rosas, azuis e amarelos no céu. E ouvimos bramidos um pouco por toda a serra. Um veado brame ali, outro responde um pouco mais ao fundo, do outro lado responde outro, é emocionante, um espetáculo imperdível da natureza”.
Nessa altura, tal como nas manhãs de Verão, o arranque de Coimbra é às 06:30, de forma a poder usufruir do nascer-do-sol na serra. “Eu sei que madrugar causa algum desconforto, mas depois de estar aqui, a magia destes momentos compensa tudo”, assegura.


Após alguns minutos a percorrer a estrada de terra que atravessa um bosque serrado, chegamos ao local onde nos aguarda uma das surpresas da tour. “Há várias”, frisa Alfredo. Junto a um carvalho enorme, está uma casa em ruínas. “Bem-vindo à Catraia da Ti Joaquina”. Uma casa completamente isolada na serra onde há cerca de 100 anos vivia uma senhora que acolhia os viajantes, dando-lhes abrigo e alimentação. “Na altura as pessoas viajavam a pé e estamos num cruzamento de trilhos que ligam várias povoações, como Castanheira de Pera, Lousã e Miranda do Corvo. Por vezes, eram apanhadas por tempestades e precisavam de um sítio para pernoitar, uma bebida quente, uma sopa.”, diz Alfredo. Claudina acrescenta: “As pessoas até acabavam por fazer um pouco de tudo aqui, os pastores tosquiavam as suas ovelhas, as pessoas trocavam produtos entre si; isto tornou-se um entreposto comercial”. Sorri e acrescenta: “Há até uma placa ali ao lado que identifica este local como o primeiro posto de turismo da Lousã”.
Estas ruínas ocultam dois acontecimentos caricatos. Um é relativo à própria Ti Joaquina e o outro envolve uma individualidade ligada a Coimbra. Ambas as histórias são para descobrir no passeio.


O jipe continua a galgar terreno pelos trilhos da serra. Num pequeno declive enlameado, Alfredo reduz a velocidade e deixa a viatura descair devagarinho. Faz um sinal para sairmos em silêncio. Estamos numa zona conhecida como o ‘Vale das Bétulas’. Após alguns metros a pé, direciona-nos o olhar para um pequeno pinhal, onde sete veados vasculham a vegetação em busca de alimento. Subitamente, erguem as cabeças, observam-nos por alguns segundos e regressam ao seu pequeno-almoço. “Devem ter concluído que não somos uma ameaça”, refiro. Alfredo sorri e responde: “Já tinham concluído isso há muito tempo”. Perante o meu ar intrigado, acrescenta: “Há um velho ditado índio que diz: ‘A águia vê, o urso cheira, o veado ouve’. Eles têm um sentido de audição muito apurado, muito antes de os conseguirmos ver, já estão alertados para a nossa presença”.


De regresso ao jipe, questiono Alfredo sobre os hábitos alimentares destes animais. “É simples, comem tudo!”, afirma, perentório. “Até flores das giestas já os vi comer. No tempo da fruta, descem às aldeias mais próximas e ‘assaltam’ os pomares. No resto do ano, ‘assaltam’ as hortas e os jardins. Só não gostam de eucalipto”.


Os passeios da Veado Verde são também complementados por visitas às Aldeias do Xisto, incluindo aldeias em ruínas, como Cadaval Cimeiro. É nesta última que estamos, absortos pelo silêncio e por paredes de granito que há muito deixaram de abrigar vidas. No entanto, uma vez por ano, a vida regressa à aldeia. “Os antigos habitantes e os seus descendentes continuam a celebrar a festa anual da aldeia junto à sua capela”, diz Alfredo. “Todas estas atividades na serra fazem parte da informação histórico-cultural que damos aos nossos clientes nos passeios mas, sempre que possível, associamos-nos a estas festividades e organizamos passeios que as incluam”, Acrescenta. Dá alguns exemplos: A Alambicada na Aigra Velha, o Encontro dos Povos Serranos no St.António da Neve ou o Carnaval Serrano na Aigra Nova.


A meio da manhã, “é altura de um chá”. Alfredo revela que vamos a uma aldeia de xisto que também já esteve ao abandono, tendo sido recentemente recuperada: Gondramaz. A caminho, encontra uma cara familiar. “Olha o senhor Mário”. Desce o vidro e o rosto bonacheirão projeta-se para dentro do jipe. “Vamos a minha casa beber uma ginja”. Antes de alguém conseguir esboçar uma resposta, acrescenta: “É ginja de categoria, até levanta mortos!”.
“Tem de ficar para a próxima, senhor Mário”, diz Alfredo. “Vamos ao Mountain Whisper, apareça lá”.
O jipe regressa à estrada, com a silhueta simpática a acenar no retrovisor. “Estas pessoas dão autenticidade ao passeio, são generosas e oferecem tudo o que têm. Os turistas adoram conhecê-las”.


Sentamos-nos nas mesas de madeira de castanheiro. O Mountain Whisper é mais do que um bar. Em 2014, um casal conimbricense/leiriense decidiu mudar-se para a Serra da Lousã. Margarida Amaral e André Beato recuperaram sete casas em ruínas e converteram-nas em unidades de alojamento. Hoje, é um audacioso empreendimento que reúne turismo rural com diversas experiências turísticas, como atividades em família, desportos de aventura, workshops e eventos culturais.

Foto: Mountain Whisper

“Estas aldeias apaixonam todos os turistas estrangeiros. Os brasileiros dizem que querem viver aqui”. Alfredo já trouxe 18 nacionalidades diferentes à serra. Durante um chá de cidreira apanhada no quintal, partilha alguns episódios engraçados. Os canadianos que dizem que a floresta da Lousã se assemelha imenso às da sua terra natal; os chineses que vivem a aventura eufóricos e adormecem sempre na viagem de regresso; a família israelita que lhe disse que o passeio tinha sido o ponto alto dos 15 dias de viagem por terras lusas. Os sotaques mudam, mas as reações e as emoções são muito similares. “As pessoas ficam espantadas quando descobrem que temos uma floresta destas, com tanta vida selvagem, tão próxima de uma cidade como Coimbra”.

Para além dos veados - “garantidos”- Alfredo revela que podem ainda acontecer “avistamentos bónus” de javalis, texugos, ginetas, esquilos. Ou raposas. “Para as raposas não é preciso ir muito longe”, afirma, com um sorriso matreiro. Tal como os veados visitam os quintais, há uma raposa que ganhou o hábito de vir ao jardim do estabelecimento, comer a comida do gato. Foi apelidada de Rapunzel e é uma atração entre os hóspedes da Mountain Whisper.

A "Rapunzel" / Foto: Mountain Whisper
O trilho serpenteia pela encosta da montanha, com o musgo a misturar-se no manto acastanhado de folhas caídas. Vamos a um dos locais secretos de Alfredo. “Um segredo escondido da serra”. Durante o percurso, avistamos um veado a alguns metros do caminho. A visão recorda Alfredo de um episódio caricato, com uma turista espanhola. “Veio pela visita às aldeias, estava encantada com elas, mas não acreditava que íamos ver veados: ‘Cervos no, no lo vamos a ver”. Instantes após a frase, um enorme veado macho saltou do mato, a poucos metros do jipe. “Deu um grito enorme, ficou histérica com entusiasmo”.


“Isto é a ‘varanda’!”, afirma Alfredo. Trata-se de um pequeno planalto que se alcança por um estreito carreiro de terra e pedras, escondido pela vegetação. “Somos os únicos a vir aqui”. O local permite contemplar um profundo vale e várias encostas das elevações desta serra. À distância, avistam-se três veados, um macho e duas fêmeas. Alfredo retira os binóculos da mochila. “Não é ele”. Refere-se ao ‘Golias’, um macho “corpulento e com hastes de sete pontas lindíssimas”, que costuma avistar com frequência neste e noutros pontos da serra. “Reconheço-o facilmente porque tem umas cicatrizes características no focinho. Tem um à-vontade incrível connosco, permite aproximações como mais nenhum veado permite; já me aconteceu estar tão perto dele que quase fui tentado a fazer-lhe uma festa”.

O "Golias" / Foto: Veado Verde
Questionado sobre a expressão “hastes de sete pontas”, Alfredo dirige-se a um pinheiro próximo. “Está a ver estas marcas no tronco? As hastes dos veados machos caem todos os anos e voltam a crescer no Inverno. Todos os anos, por norma, cresce uma ponta a mais, por isso é que se consegue saber mais ou menos a idade de um veado contando a ponta que as hastes têm. Convencionou-se chamar ‘veados de sete pontas’ aos mais velhos e maiores”. Após uma ligeira pausa, acrescenta: “Durante a brama eles roçam-nas nos troncos ásperos dos pinheiros, para deixar marcas territoriais e também para libertar a pele aveludada que acompanha o seu crescimento”.

Sentado na vegetação, arrumo as objetivas no saco da máquina fotográfica, enquanto observo Claudina e Alfredo à distância.
Vejo-os na sua varanda. De shemagh ao pescoço e com a brisa nos cabelos, lado a lado a usufruírem de mais um dia no seu novo quotidiano, mais uma quarta-feira no seu novo ofício.


Ainda no jipe, Alfredo falou dos desafios do empreendedorismo, esse “sonho bonito” na cabeça das pessoas, que requer imensa “coragem e dedicação” para materializar. “Fizemos rigorosamente tudo, desde estudo económico, marketing, desenvolvimento do website, folhetos, cartões, até alguma mecânica e preparação do jipe”. Essa polivalência dotou-os de “alguma independência” em relação a terceiros para concretizar tudo o que tinham idealizado. O tempo faz o resto. “Quando começamos a ver resultados desse esforço e desse empenho, sentimos-nos ainda mais felizes por ter tomado esta decisão”.

Aproximo-me, faço a derradeira questão. “Conseguem imaginar-se no capítulo anterior das vossas vidas?”. Ambos sorriem, olham um para o outro, com os rostos banhados de sol. Alfredo encarrega-se da resposta. “Não temos qualquer vontade em voltar. Este contacto com a serra, com as suas gentes, com a natureza, com a vida selvagem, tudo isso transmite-nos uma tranquilidade e uma paz de alma muito grande. É isso que valorizamos neste momento das nossas vidas”.


Na viagem de regresso, já com o alcatrão a substituir as estradas de montanha, é Alfredo que me observa. Os meus sorrisos quando revejo as fotografias; o meu caderno, onde planeava apontar os avistamentos dos veados e que acabou por ser abandonado no tablier, por rapidamente lhes ter perdido a conta; o meu semblante ensolarado. “É isso!”, afirma, entusiasmado. “É essa a maior satisfação. Ver no rosto dos nossos clientes que eles vão para casa de alma e coração cheios com tudo o que viram e sentiram nas horas que passaram connosco”.

12 fevereiro | Coimbra | Turismo de natureza: preparação, autoproteção e segurança face a incêndios rurais



Agência para Gestão Integrada de Fogos Rurais  (AGIF), em colaboração com o Turismo de Portugal, promove no próximo dia 12 de fevereiro, na Escola de Hotelaria e Turismo de Coimbra uma acção de formação sobre Turismo de natureza: preparação, autoproteção e segurança face a incêndios rurais. 

As atividades inerentes ao turismo de natureza, nomeadamente aquelas que envolvem o uso percursos pedestres e cicláveis, pela sua exposição ao risco, em particular ao risco de incêndio rural, devem, nesse contexto, impelir os seus intervenientes para o conhecimento do fenómeno do fogo e dos incêndios rurais e para a aquisição de competências de preparação, autoproteção e segurança.

Tópicos da ação de formação:
  • Portuguese Trails – segurança e sustentabilidade, 2 pilares na qualidade da oferta;
  • Noções gerais sobre risco, fogo e incêndios rurais;
  • Noções gerais sobre proteção civil, emergência e operações de socorro;
  • Medidas de preparação, autoproteção e segurança.
A participação é gratuita mediante inscrição prévia para o email: joao.portugal@turismodeportugal.pt​

Consulte o Programa


5 de fevereiro de 2020

Novos avisos do Portugal 2020 publicados

Foram publicados novos avisos de concurso no âmbito do Domínio da Competitividade e Internacionalização do Portugal 2020, com novas oportunidades de financiamento para os projetos de investimento produtivo das empresas do setor do Turismo.

Estão disponíveis os seguintes avisos de concurso:

AAC 07/SI/2020 - Sistema de Incentivos Inovação Produtiva
Projetos Individuais
Período de Candidatura:
De 05-02-2020 a 20-04-2020 (19h)

AAC 08/SI/2020 - Sistema de Incentivos às Empresas 
Projetos "Inovação Produtiva” | Territórios de Baixa Densidade
Período de Candidatura:
Fase I - De 2020/fev/05 a 2020/mar/16 (19 horas)
Face II - De 2020/mar/17 a 2020/jun/29 (19 horas)
Fase III - De 2020/jun/30 a 2020/set/07 (19 horas)

AAC 09/SI/2020 - Sistema de Incentivos às Empresas Projetos
Empreendedorismo Qualificado e Criativo
Período de Candidatura:
De 05-02-2020 a 20-04-2020 (19 horas)


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