Marisa Maganinho tinha um sonho. Abrir uma agência de viagens que se centrasse nos públicos com necessidades de acessibilidade: surdez, cegueira, mobilidade reduzida. Juntamente com o marido, André Taipina, concretizou-o em finais de 2017. A passagem pelo Apoio ao Investimento Turístico, no Turismo Centro de Portugal, foi um dos degraus que percorreu. Ser finalista nos prémios de empreendedorismo José Manuel Alves foi outro. Mas a escada não ficou por aqui. Este ano, o sonho mudou de nome.
A DaquiparaLi – cuja história contámos na nossa reportagem – agora chama-se Euvoo. A mudança, confessa a empreendedora, já estava a ser equacionada e testada pela equipa há alguns meses. “Temos alguns projetos e conceitos novos com os quais queremos avançar este ano e pretendíamos uma designação mais adequada”, afirma Marisa.
No entanto, a mudança não surgiu de ânimo leve. Houve “reflexão profunda” no seio da equipa, até porque persistia alguma ligação sentimental à designação original. Mas as dúvidas acabaram por ser dissipadas pelo destino. Um dia, Marisa efetuou alguns testes com as novas opções para fazer registo da marca e, com surpresa, constatou que o nome antigo já não estava disponível. “Concluímos que era um sinal, foi aí que tivemos a certeza que era mesmo para avançar com a mudança”.
Os clientes da empresa reagiram positivamente. “Brincam imenso connosco com o novo nome, fazem trocadilhos, é muito divertido”. Os operadores iniciam os telefonemas com a questão: “Para onde vamos?”. Já os novos clientes questionam a designação e o slogan que a acompanha – Sem limites – o que abre a porta a conversas mais aprofundadas sobre o fator diferenciador da empresa. “Ficam a debater connosco questões de acessibilidade e isso é maravilhoso”, afirma Marisa. “Sentimos que cada vez mais damos a conhecer a nossa missão ao cliente e que estamos a chegar um pouco mais além com o conceito de ‘acessibilidade’ e a necessidade de quebrar barreiras”. Marisa sorri e prossegue: “Costumo dizer várias vezes que quando temos a possibilidade de nos dar a conhecer pelo que fazemos no ramo do turismo acessível, podemos até não faturar mas o dia já valeu muito a pena”.
Após um ano de estreia “bom”, Marisa está a preparar terreno para implementar novidades em 2019. “Um CEO tem aquilo a que costumamos chamar de ‘bicho carpinteiro’, não consegue parar”, afirma, sorridente. “No fundo, queremos ser uma caixinha de surpresas constante para os nossos clientes”.
Para já, há duas que devem sair em breve da caixa. “São dois projetos ainda numa fase muito embrionária que estamos a começar a executar para brevemente darmos novidades à comunidade surda”, partilha Marisa.
Confidencia que um desses projectos assenta num “serviço e conceito diferentes” que a Euvoo pretende explorar em Coimbra. Embora ainda esteja embrulhada em segredo, Marisa avança que a ideia surgiu de uma necessidade que constatou existir, devido aos “constates e diferentes” pedidos que são feitos à sua agência. “Há procura, por isso há mercado, logo, na Euvoo vai haver oferta”.
Com uma precaução tão tangível quando meticulosa nas respostas, procurando não cair na tentação de desvendar algo a mais do que inicialmente definiu, Marisa sorri enigmaticamente. “Para já posso dizer que já estabelecemos contacto com o Apoio ao Investimento Turístico do Turismo Centro de Portugal para averiguar apoios em vigor para este novo projeto. O caminho está a ser traçado”.
O projeto da Marisa Maganinho foi finalista da terceira edição do Concurso de Empreendedorismo Turístico / Prémio José Manuel Alves, organizado pela Entidade Regional do Turismo do Centro de Portugal desde 2016. O galardão destina-se à deteção e apoio a projetos inovadores no setor do Turismo com implementação na região Centro de Portugal, sendo atribuído ao vencedor o Prémio José Manuel Alves, em homenagem ao percurso do ex-presidente da Região de Turismo do Centro, que esteve na génese da criação do gabinete de Apoio ao Investimento Turístico, na região Centro de Portugal.